Total de visualizações de página

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Circo da Homofobia



Por Marcelo Gerald
Um Grande Circo!
Esta foi a sensação de vários que assistiram a audiência nas redes sociais.
A marca do debate foi a homofobia. Repetiram à exaustão: “que não são contra os homossexuais e sim contra a pratica”. Em seguida afirmavam não serem homofóbicos.
Os “argumentos”, sempre os mesmos, todos rebatidos em vários sites, incluindo este.
Disseram várias vezes que homossexuais se recusam a discutir, mas basta ler o histórico do PLC122 pra constatar que tivemos várias audiências pra discutir o assunto e o texto final da ex Senadora Fátima Cleide foi fruto de muita negociação com ambas as partes.
Tem uma falácia que anda chamando a atenção, a de que a homossexualidade seria uma opção. Esta é a que tem sido mais repetida, aliás, desde que Dilma Rousseff ter dado uma grande gafe ao vetar o kit anti-homofobia. É quero crer que foi uma gafe, mas como ela nunca explicou vai saber.
Mas, e se fosse opção? Isto daria algum mérito aos homofóbicos?
A impressão que tenho quando homofóbicos afirmam que homossexualidade é opção é a de que sentiram atração pelo mesmo sexo em algum momento da vida e lutam contar isto exaustivamente.
Mesmo que homossexualidade fosse uma escolha não daria nenhum direito de discriminar por isto. Religião é uma escolha e a ninguém está permitido discriminar por esta opção.
Ainda hoje li notícia de que pessoas estão sendo recrutadas por evangélicos e ganham em torno de 2.500 reais para espalhar a  homofobia nas redes sociais e matérias de sites. Quem é administrador de sites sabe que muito destes comentários vem de uma mesma pessoa. Isto nunca foi segredo, mas a mídia tradicional parece gostar do volume de acessos que a trollagem atrai. De qualquer maneira, esta denuncia é gravíssima e precisa ser apurada.
Evangélicos fundamentalistas dizem amar o próximo, mas fico em dúvida sobre a veracidade desta afirmação ao ver Malafaia ameaçando o presidente da ABGLT. Dizer que vai “funicar” (sic) e arrebentar Toni Reis e em entrevista ao New York Times, o pastor afirmou que a repórter da revista Época seria uma vagabunda. Que tipo de amor é este?
No meio de tanto ódio fica a reflexão:
Nós amamos os evangélicos, mas somos contrários às suas práticas discriminatórias.
Paulo Paim (PT-RS) disse que pediria a votação do PLC122 para semana que vem. O que duvido que ocorra. Colocar o projeto em votação obrigaria a base aliada a se posicionar. E não parece haver vontade política para isto.
O que assistimos hoje foi um circo de horrores, um grande  teatro, que aos poucos vai desenhando um cenário propício para enterrar qualquer proposta  de criminalização da homofobia.
A presidenta da república nem toca neste assunto. A base aliada coloca a culpa nos evangélicos. Estes trabalham e fazem ativismo à sua forma. E a militância LGBT?
Bom esta anda por aí perdida, não vai à marchas, como o ato dos estudantes da USP, ou a marcha pelo Estado Laico. Mas está nas redes sociais fazendo marcação serrada sobre qualquer um que teça a menor  critica e cobrança ao governo petista. Esta simples nota pode virar na mão deles, tese de conspiração de derrubada de um governo.
O futuro da militância LGBT parece um jogo de cartas marcadas, de um lado gente séria e comprometida e de outro manipuladores acima de qualquer crítica, e são os que têm se destacado.
Se você tiver estômago assista o ” debate” aqui:


Posts Relacionados:
  1. Nova audiência pública sobre o PLC 122
  2. Matéria do Jornal Hoje contribui para desinformação sobre o PLC122
  3. Homofobia, Números, Interpretações e Estatísticas: onde o PLC 122/2006 entra nisso tudo?
  4. O PLC 122 foi arquivado, mas a homofobia NÃO
  5. Esclarecimento Da SDH sobre A Criminalização da Homofobia
FONTE:

 http://www.plc122.com.br/plc122-audiencia-circo-homofobia/#ixzz1f9ViBvZ8

Racismo!



Professora é detida acusada de racismo 
Uma professora de Mogi das Cruzes vai responder a um processo por injúria racial. Testemunhas a viram acusando uma aposentada de ter roubado o carro dela, no fim da tarde de segunda-feira (21), na região central.

A discussão começou quando Sandra Aparecida dos Santos, de 58 anos, chegava ao próprio carro, que estava estacionado. Ela contou que viu a acusada fotografar o veículo e foi questionar o motivo. A agressora, a professora de artes Iracema Cristina Nakano, teria dito que o carro era dela, mas tinha sido roubado, e que uma negra não poderia ter um veículo como aquele.

Várias testemunhas viram a discussão e chamaram a Polícia Militar. 

A suspeita nega ter feito comentários racistas. Ela diz que desconfiou que o carro era dela porque tinha um parecido e foi roubada, mas que abordou a aposentada com educação.

A professora recebeu voz de prisão por causa da injuria racial, mas pagou a fiança de 545 reais e foi liberada para responder ao processo em liberdade.

"A neve e as tempestades matam as flores, mas nada podem contra as sementes". Khalil Gibran

sábado, 26 de novembro de 2011

Quem derrubará a mídia?


Tudo errado: quando uma mídia comprovadamente corrupta derruba um ministro suspeito

Antonio Mello, em seu blog

Mesmo sem apresentar provas, mídia desonesta derruba Orlando Silva. Quem será o próximo? Melhor, quem derrubará a mídia?

As corporações midiáticas apostaram tudo na derrubada do ministro. Orlando Silva bateu pé e se defendeu. O PC do B o apoiou. Mas o PIG repicou, e o ministro caiu. Mesmo que a situação estivesse mais favorável a ele hoje que na sexta-feira, quando a presidenta o confirmou no cargo.

De lá pra cá, o que aconteceu? O STF mandou o Procurador-Geral trazer provas contra o ministro, além de recortes de jornais e revistas (sic). A Veja, que apresentaria provas, nada mostrou. O policial denunciante (mais sujo do que pau de galinheiro, acusado ou suspeito de ene malfeitos - até de assassinato) também disse à Polícia Federal que não tinha provas contra o ministro a quem acusara. Hoje à tarde faltou a um depoimento na Câmara com a cínica alegação de que o pedido de demissão do ministro (que não havia sido feito) esvaziaria seu depoimento.

Leia também:
O dia em que Wagner Moura humilhou a revista Veja
Fundação Roberto Marinho, da Globo, abocanhou R$ 24 milhões destinados a tragédias

Mas a mídia insistiu. Sábado, domingo, segunda, terça, hoje: nas primeiras páginas dos jornais, na TV, emissoras de rádio, nas revistas, nos portais, o ministro ia (tinha que) cair. Era questão de dias, horas.

Agora à noite, o ministro capitulou. O PC do B, que iria até o fim com ele, aceitou o arreglo, e a mídia corporativa vence mais uma. Batem, e conseguem do governo o que querem (como esse fajuta PNBL e o silêncio sobre a Ley de Medios).

Só não conseguem ainda vencer-nos nas urnas. Mas, até quando? Quantos ministros irão cair até que eles cheguem ao alvo: Dilma Rousseff

-

"O poder da Mídia"


Desespero compreensível? Imprensa intensifica esforços para varrer a 'era Lula'

O projeto, agora, é varrer a “era Lula”, preferentemente destruindo o político Lula, ainda que seja ao preço de destruir a democracia, para poder destruir o que ele representa 

O ponto de partida dessas reflexões é uma obviedade: a crise dos partidos, que no Brasil não é maior nem menor do que a crise dos partidos europeus e norte-americanos. No velho e exausto continente desapareceu a esquerda socialista e os socialdemocratas se confundem com os conservadores, e todos se afundamde braços dados na crise do capitalismo. Nos EUA, o bipartidarismo tacanho é construtor de impasses institucionais, de que é exemplo a negociação do teto da dívida. Em nosso país reproduz-se o esgarçamento ideológico dos partidos de esquerda e é crescente a distância entre a vontade do eleitor e o titular do mandato, construindo a falência do sistema representativo, de que a desmoralização do Legislativo e da vida parlamentar é exemplo acachapante.  Ainda no caso brasileiro, talvez nos separando da crise europeia, identificamos perigoso desdobramento, a saber, a desconstituição da política, com a desmoralização do seu fazer e o anúncio de sua desnecessidade.

Leia também:

Tira-se a política da vida democrática, fica o quê?

Tiram-se os partidos do processo político, fica o que?

Tirem-se os políticos da política, ficará o quê?

Ainda que a expressão golpe sugira putsch, ação rápida, virada de mesa, os golpes-de-Estado são longamente preparados. A implantação do Estado Novo foi gestada já nas entranhas do governo constitucional de 1934; o golpe militar que culminou com o suicídio de Vargas e a posse de Café Filho, aserviço da UDN e dos militares, foi longamente preparado pela grande imprensa que também preparou a opinião pública para o golpe de 1964 que, na caserna, começou a ser tramado pelo Gal. Denis (cf. suas memórias) no dia imediato da posse de João Goulart.

De comum, na retórica dos golpistas, a denúncia da corrupção, não como fenômeno em si, mas como doença sistêmica do Estado e, agora, manipulada pelos partidos que ousam ocupar os cargos para os quais seus representantes foram eleitos pela vontade da soberania popular.  Foi igualmente o combate à corrupção que construiu Jânio Quadros (“varre-varre vassourinha, a sujeira desse país”) e Fernando Collor (o ‘caçador de marajás’), com os resultados conhecidos.

Vargas, homem probo, era acusado por Carlos Lacerda de governar sentado sobre um “mar de lama”, que se revelou igual às ‘armas de destruição em massa’ de Saddam.

Não afirmo que esteja em gestação um golpe-de-Estado (como realmente esteve em 2005), mas digo que estão sendo criadas as condições subjetivas que amanhã poderão tornar palatável um ataque ao sistema democrático, como consequência natural da perseguida desmoralização dos políticos, dos partidos, da democracia, da política e do Poder Legislativo.

A quem interessa essa desmoralização da vida pública, afastando o cidadão da política, ao convencê-lo de que a corrupção é elemento intrínseco ao fazer político?

Pode o sistema democrático-representativo conviver com a demonização dos partidos?

Quando a imprensa reduz todos os problemas do país à corrupção, e a apresenta como intrínseca à política – ameaçando a continuidade do processo democrático –, ela está igualmente interditando o debate sobre as questões centrais do país: a desfuncionalidade do regime capitalista.

No Brasil, a crise dos partidos atinge indistintamente esquerda e direita. A esquerda renuncia ao papel finalístico de crítica ao regime econômico, a direita ora se esconde sob o disfarce da socialdemocracia, ora se transforma em porta-voz de uma imprensa sem compromissos com a democracia e os interesses nacionais. É esta imprensa, todavia, que pauta a vida política nacional.

No Brasil, ao invés de os partidos possuírem meios de comunicação ou de utilizá-los em seu processo de vida, isto é, na batalha ideológica, é a imprensa que possui partidos e nessa condição dita-lhes metas, temas, ações e conspirações. Dessa forma a chamada “grande imprensa” articula a oposição. A mesma imprensa que participou das operações de desestabilização do governo Vargas e da preparação do golpe de 1964, por ela sustentado, é a mesma que não consegue assimilar a emergência social e política das parcelas menos aquinhoadas da população. Para essa imprensa preconceituosa, é insuportável as ruas cheias de carros dirigidos por pobres e pobres superlotando os aeroportos. E mais: é insuportável que seja essa gente, a gente do povo, quem esteja decidindo as eleições no Brasil.

Fernando Henrique Cardoso, em um de seus inumeráveis momentos de excepcional infelicidade, anunciou o fim da “era Vargas”, prometendo realizar o que os militares não haviam logrado em 20 anos de ditadura. Também não conseguiu. Mas a direita é renitente. O projeto, agora, é varrer a “era Lula”, preferentemente destruindo o político Lula, ainda que seja ao preço de destruir a democracia, para poder destruir o que ele representa, e representou a frustrada experiência de João Goulart, donde a sentença de morte executada no dia 1º de abril de 1964: a emergência das massas.

Mas, lamentavelmente, não é só isso, pois é inesgotável o poço de preconceitos de nossas elites.

A Presidência da República foi sempre um posto reservado “aos mais iguais”, os marechais, os generais, os grandes fazendeiros ou seus representantes, os doutores. Mas eis que uma disfunção sistêmica permite a eleição de um outsider: um operário, um líder sindical, de sobrenome Silva, sem passagem pela academia, expulso pela seca do rincão mais profundo e pobre do sertão nordestino. E…escandalizam-se os repórteres, um monoglota. Esse intruso, além de eleger-se, se reelege, e, suprema humilhação, elege sua sucessora. Nada obstante toda a resistência que provoca, Lula pode retornar ao poder – este o grande temor da direita brasileira –, se não fisicamente, muito provavelmente mediante um governo que seja a continuidade do seu.

Nesse ponto se dão as mãos o reacionarismo da grande imprensa e a degenerescência cultural de grande parte da classe-média brasileira: ambas desprezam o povo, nosso povo, o homem comum das ruas, mestiço, trabalhador, a quem negam as qualidades de pioneiro e construtor. Por isso, a elite brasileira quer ser branca, fisicamente europeia e culturalmente norte-americana; depois de sonhar com Londres e Paris, construiu como meta de vida passear na Disneylândia. Para essa elite, para essa classe-média, para essa imprensa é insuportável a vitória do homem do povo, de um “Zé da Silva”. Pois foi um Silva, nordestino (ainda mais um nordestino!) expulso de sua terra pela inclemência do clima, que consertou o Brasil e refez a obra, a desastrada obra de desconstituição do País, encetada pelo “príncipe” dos sociólogos brasileiros, professor titular da orgulhosa USP.

É preciso, pois, demolir um sistema político que permite a eleição de um Lula.

O ponto de partida é a destruição da política, depois da desmoralização dos políticos e dos partidos. Como sabemos que é impossível sustentar uma democracia sem políticos e sem partidos políticos…

Esta operação está em curso.

Nem mesmo os néscios de carteirinha supõem que a atual campanha da grande imprensa tem por objeto a defesa dos interesses de nosso povo ou de nosso país. Senão a desmoralização da política.

No Brasil, a liberdade de imprensa, que precisa ser a mais ampla possível, limita-se à liberdade, sem responsabilidade, das grandes empresas de comunicação, que expressam o pensamento único, não apenas em seus editoriais (que ninguém lê), mas agora quase principalmente no noticiário, seja nacional seja internacional (repertório das grandes agências), nas reportagens e no pensamento de seus colunistas e colaboradores. Estes são escolhidos ou por partilharem do pensamento patrão, ou por a ele se haverem adaptado para serem colunistas. E nesta hipótese, serviçais, procuram ser mais realistas do que o próprio rei.

Não sejamos injustos, porém, atribuindo esse discurso único e a cantilena reacionária exclusivamente ao mando dos interesses do baronato da grande imprensa: ela é alimentada, cevada, por uma geração de jornalistas e repórteres fiel a essa forma unilateral de ver o mundo. Para essa gente a defesa dos interesses do país é um arcaísmo, a especulação financeira um sinal de modernismo, a concentração de renda o caminho do desenvolvimento, a política, um entrave, a democracia, um “detalhe”.

Um de seus subprodutos é o denuncismo gratuito, irresponsável, a acusação que primeiro se faz, para depois perquirir a prova. O denunciado é condenado já pela simples denúncia, sem possibilidade de reparação pública. Se amanhã a acusação não se comprova, azar.

Nos recentes tempos da recente ditadura seus opositores eram, primeiro demitidos, presos, torturados e muitas vezes “desaparecidos”, para depois serem processados e em alguns casos até “absolvidos”. Vencido o terrorismo militar, os políticos são expostos à execração da opinião pública, eviscerados em sua intimidade política, e ao fim destruídos eleitoralmente, depois de assassinados moralmente, culpados ou não. A regra é a mesma: primeiro a pena, depois o julgamento.

Se, por um lado, é plenamente respeitada e garantida a liberdade de imprensa, por qualquer de seus meios, falta ao povo a liberdade de informação ou o direito à informação isenta.  Faltam-nos meios de obter outras visões da mesma realidade, de uma análise crítica das questões nacionais e internacionais, e qualquer tentativa de alterar o lamentável quadro vigente é, de forma alarmante, noticiada pelas empresas de comunicação como ameaça à liberdade de imprensa.

Leia mais:

Ainda sob os efeitos das vitórias de Lula, alcançadas sob o tiroteio implacável de uma imprensa unanimemente opositora, os partidos de esquerda tendem a subestimar o papel ideologicamente corrosivo exercido pela grande imprensa – rádios AM, televisão, jornais e revistas — exercem sobre as cabeças e mentes dos brasileiros.